Capítulo 19

    Um toque.
    -Será que eles estão em casa? - Andressa perguntou, sentada ao meu lado no sofá.
    -Devem estar.eles nunca saem nos fins de semana.
    Dois toques.
    -Mas e se eles tiverem saído hoje? - ela tornou a falar.
    -Duvido. - Gabriel falou - É domingo e eles são velhos.Devem estar vendo TV.
    -Não fale assim deles, Gabriel. - repreendi.
    -Desculpa. - ele disse, pulando as costas do sofá e parando ao meu lado.
    Três toques.
    -Mas e se... - minha irmã começou.
    -FICA QUIETA, ANDRESSA. - eu e Gabriel dissemos em uníssono.
    -Alô? - uma voz feminina ressoou pelo viva-voz do celular.
    -Oi, mãe. - eu disse.
    -Mariana?Querida, é você? - minha mãe parecia não acreditar.
    -Sim, sou eu.Na verdade, somos nós.
    -Eai, mãe. - Gabriel falou
    -Oi, mãe. - e Andressa disse logo em seguida.
    -Ah, meu Deus, esperem que eu vou chamar o seu pai. - conseguimos ouvir os passinhos apressados da nossa mãe no piso de madeira se afastando e, logo depois, dois pares de pés rápidos se aproximando - Pronto, ele já está aqui.Ah queridos, estamos morrendo de saudades de vocês.Como estão? E a escola? Não se machucaram, não é?Mari, você fez amigos? Por que estão tão quietos?
    -Se você nos deixasse responder, talvez nós não parecessemos tão quietos,mãe. - Gabriel sorria enquanto respondia.
    -Claro, que modos os meus.Podem falar, meus amores, como estão? - minha mãe falava.
    -Estamos bem. - Andressa disse - Tudo em ordem.E como vocês estão?
    -Ah, querida, estamos morrendo de saudade.A casa não é a mesma coisa sem vocês.E agora que estamos sem sua irmã também...É bem diferente.
    -Como está o papai? - perguntei.
    -Espere que vou passar para ele. - ouvimos alguns resmungos e logo alguém pegou o telefone - Alô, querida?
    -Oi, pai.
    -Oi, filha.Seus irmãos estão cuidando direito de você?
    -Aí, meu velho, por que nós temos que cuidar dela? A caçula já é grandinha pra cuidar de si mesma. - Gabriel falou.
    -Não cuide da sua irmã e, quando voltar pra casa, vai ficar sem o carro. - meu pai fez a voz assustadora que usava pra chantagear meu irmão.
    -Tudo bem, tudo bem. - Gabriel ria - Estava brincando.Estamos cuidando dela.
    -Isso não é justo, pai. - Andressa disse - Também estou com saudade e você só da bola pra Mari.
    -Claro que não, minha filha.Estou com saudade de vocês três.Não vemos a hora de ir ao festival para ver vocês.
    -Como vocês já sabem? - perguntei.
    -Recebemos um e-mail da escola. - meu pai falou.
    -Ah,entendi.
    -Filhos, vou passar o telefone pra sua mãe.Ela está tendo um piripaque do meu lado pra pegar esse telefone.Calma, Isabella. - mais resmungos e a voz da minha mãe inundou o telefone - Ai, até que enfim.Seu pai não desgrudava desse telefone.Até parece que esqueceu que os filhos também são meus.Agora me falem: as provas começaram?
    -Sim. - meus irmãos disseram.
    -As minhas começam amanhã. - eu disse.
    -Bem, vocês dois, Gabriel e Andressa, espero que não estejam aprontando e sim se concentrando nos estudos.Nada de travessuras novamente, entendeu, dona Andressa?
    -Aquilo não foi culpa minha, e você está cansada de saber disso, mãe. - minha irmã ficou na defensiva.
    -Sei, mocinha. E você, Gabriel, está se dedicando?
    -Sim senhora, Senhora.Sou pura dedicação. - Gabriel arrumou a postura, como se nossos pais estivesse na nossa frente, e sorriu de um jeito triunfante.
    -Perfeito.E, filha, - agora era comigo - não vou me ater a  você.Sei que vai se dar bem.Você é um pouco mais responsável que os seus irmãos, então sem preocupações.
    -Ei. - Gabriel e Andressa olharam para o celular com cara de magoados.
    -Brincadeirinha, meus amores. - nossa mãe riu daquele jeito doce que só ela tinha pra rir - Mas falei a verdade quando disse que sei que vai se dar bem.Só espero que não se disperse.É seu primeiro trimestre aí, então esforço redrobado.
    -Pode deixar, mãe.Estou me esforçando.
    -Ótimo.Assim que eu gosto, queridos.Agora, meninas, me contem as fofocas.
    -Mãe. - eu e minha irmã ficamos chocadas e meio desconfortáveis com o jeito direto da nossa mãe falar.
    -O que foi? Não achem que eu não sei que vocês já tem muito para me contar.Podem começar a falar.
    -Na verdade, mãe, - Gabriel se meteu na conversa - Nós temos uma coisa pra te contar, sim.Na verdade, a Mari tem.A Mari está namo...
    -CALA BOCA, GABRIEL! - eu e minha irmã gritamos pra ele.
    -Meninas, o que vocês tem pra me contar? - nossa mãe parecia desconfiada.
    -O papai ainda está aí? - perguntei.
    -Sim, ele está mas...Ah, esqueçam, se é sobre o assunto que eu imagino que seja, melhor deixarmos para quando nos vermos pessoalmente.No más, está tudo bem? Precisam de alguma coisa?
    -Não, mãe.Estamos bem.Não precisam se preocupar com nada. - Andressa disse.
    -Ótimo.Então, nos vemos no dia do festival, queridos.Estamos morrendo de saudade e seu pai mandou um grande beijo pra vocês.Adeus, meus anjos, amamos vocês.
    -Amamos vocês também.Tchau. - falamos os três juntos.
    Logo depois, a linha ficou muda.Peguei o celular , bloqueei a tela e guardei no bolso.
    -Estava com saudade de falar com eles. - Gabriel falou, pegando o controle e ligando a TV.
    -Eu também. - falei - Estou com um pouco de saudade de casa, pra ser honesta.
    -É normal.Nós também ficamos com saudade de casa no começo, mas, depois de um tempo, você nem percebe mais. - Andressa disse - Nem da pra acreditar que vamos ver eles no dia do festival.
    -É verdade. - falei.Levantei do sofá e deixei meus irmãos assistindo alguma série americana que estava passando - Vou estudar mais um pouco pra física e adiantar os resumos de história.Não me encham se não for importante.
    -Ui, sim senhora, sargenta. - Gabriel fez uma continência.
    -Depois eu levo alguma coisa pra você comer. - Andressa falou, não deixando de prestar atenção na TV.
    -Okay.
    Fui até meu quarto e sentei na frente da escrivaninha para estudar.Depois de ter estudado por umas duas horas, minha irmã ter aparecido com uma bandeja cheia de comida e ido embora, decidi que estava com conteúdo suficiente na cabeça pra ir bem na primeira prova do ano, então fechei o  livro, deixei tudo o que eu precisava pro dia seguinte em cima da escrivaninha e fui tomar um banho.Depois do meu banho, voltei para o quarto, coloquei o pijama e me joguei na cama.
    -BOA NOITE. - gritei pros meus irmãos.
    -BOA NOITE. - ouvi eles gritarem também.
    No mesmo instante, meu celular vibrou.Quando olhei, era uma mensagem do Marcelo.
    "Boa noite, namorada <3 -M"
    Respondi a mensagem, desliguei a luz do quarto e fechei os olhos.Pouco tempo depois, estava sonhando com a minha casa.
 
***
 
    -SAMANTHA, PARA DE ME ENROLAR E ME CONTA LOGO COMO FO! - ouvi Luisa gritar do nosso corredor.
    -Eaí, gente. - falei quando cheguei perto deles.Leo estava digitando no celular, com os fones de ouvido, provavelmente uma mensagem pro Samuel, e Lu e Sam estavam discutindo.-O que houve?
    -A Samantha não quer me dizer como foi o encontro com o Arthur!
    -Estava te esperando, assim não ia precisar contar tudo duas vezes. - Sam se defendeu.
    -Tudo bem, pode falar.
    -É, fala logo, garota. - Luisa estava toda animada.
    -Ai, não sei.Ele foi todo fofo, cavalheiro e...perfeito.Tudo foi perfeito.Nós fomos comer alguma coisa, e depois fomos à uma festa que estava acontecendo ali perto.Dançamos juntos por muito tempo, MUITO tempo.Bebemos um pouco e...
    -E...? - eu e Lu incentivamos juntas.
    -Nós nos beijamos.Nos beijamos muito. - Sam se derretia.
    -Ai meu Pai, e como foi? - Luisa incentivava mais e mais.
    -Ele beija muito bem, mas... - Sam olhou longe.
    -Mas o que? - perguntei.
    -Mas nada. - ela se recompôs - Ele só beija muito bem.E me convidou pra ir na casa dele no próximo fim de semana.
    -Vai ter uma festa? - Luisa perguntou.
    -Não. - Sam parecia meio apreensiva - Ele só ME convidou pra ir na casa dele. - Sam olhou pra mim, e eu sabia o que significava aquele olhar.
    -Não se preocupe.Ele parece não ser igual aos amigos dele.Mas todo cuidado é pouco. - falei.
    -Acha que eu devo ir? - ela me perguntou.
    -Acho que sim.Ele parece gostar mesmo de você.Mas, repetindo, todo cuidado é pouco.
    -Tudo bem.Vou ligar pra ele depois da aula. - ela sorriu.
    -Ei, Leonardo, - Luisa falou - você podia participar da conversa.
    -Prefiro ficar aqui mesmo. - Leo disse, sem olhar pra Luisa.
    -Prefere ficar falando com o Samuel, isso sim. - Sam disse.
    -Verdade. - ele continuava a não olhar para nós.
    -Vocês já saíram? - perguntei a ele.
    -Ainda não, mas ele vai me dar uma carona até meu alojamento depois da aula.
    -Uh, carona. - Lu e Sam falaram juntas.
    - uma carona, suas idiotas. - percebi que ele ficou vermelho.
    -Deixem o garoto ser feliz, gente. - ri delas, e Leo relaxou um pouco.Ele tinha evoluído bastante, mas ainda era demais pra ele admitir aquilo pra qualquer um.Tínhamos que dar o tempo dele.
    O sinal tocou e Sam tomou seu caminho enquanto nós entravamos na nossa sala.No segundo período começaria a prova de física, então a professora de biologia nos deu o período dela para estudar.Ficamos revisando a matéria pelos 45min da primeira aula e , quando a aula acabou, nos arrumamos para a prova.Era hora de por em prática tudo que eu tinha estudado.
 
***
 
    O sinal para o intervalo tocou e saímos da sala.Luisa estava quase chorando.
    -Eu me ferrei legal nessa prova. - ela chramingava - Não sabia NADA e deixei três questões em branco! 
    -Pelo jeito eu também fui mal, porque peguei cola de você. - Leo falou.
    -Que decisão idiota, Leonardo. - Luisa disse.
    -E eu ia saber que você não tinha estudado? - ele falou, meio irritado.
    -Calma, gente.Não é o fim do mundo. - falei.
    -Pra você, não é, Mariana?Você estudou e vai bem.Eu não estudei e vou me ferrar.
    -Bem, aí o problema já não é meu.
    -Sua estúpida! - Luisa passou por mim.
    -Desculpa,Lu. - corri até ela, a ultrapassei e comecei a andar de costas - Quis só quebrar o gelo.
    -Eu sei, não estou brava com você, só estou brava comigo por não ter estudado.
    -E eu bravo com VOCÊ por não ter estudado. - Leo disse para a Lu.
    -Aí a decisão já foi sua de pegar cola de mim,Leonardo.Não vem por a culpa nos outros.
    -A vida não teria graça se tudo que fosse culpa minha eu assumisse.Melhor por a culpa nos outros. - ele deu um sorrisinho.
    -Você é tão engraçado que me dá nojo. - Luisa revirou os olhos.
    Continuava a andar de costas enquanto ria deles.Quando virei o corredor,tropecei em alguma coisa e estava prestes a cair quando,de repente, alguém me segurou.
    -Opa, cuidado aí. - era uma voz masculina que falava comigo.
    -Desculpa,sou muito desastrada.Obrigada por me... - olhei para o garoto que havia me segurado e me deparei com o rosto do Kye - Ah, oi.Obrigada por me ajudar,Kye.Você me poupou de uma grande vergonha. - sorri pra ele.
    -Relaxa,Mari.Já estou acostumado com você esbarrando em mim.Cair é só um pouco diferente. - ele me ajudou a ficar de pé.
    -Que bela impressão eu devo estar dando pra você. - eu estava meio sem jeito.
    -Mari, você está bem? - Leo veio até mim.
    -Mariana, você precisa parar de andar de costas. - Luisa se aproximou também.
    -Estou bem, sim. E obrigada pela informação,Luisa.Vou me lembrar dela da próxima vez. - Fiz uma careta pra ela e virei pro Kye de novo - Obrigada de novo por me segurar.Não sou tão atrapalhada normalmente.
    -É, sim. - Leo e Lu disseram.
    -Vocês podiam me ajudar às vezes. - olhei carrancuda pra eles.
    -Tudo bem. - Kye estava rindo.Ele ficava mais bonito ainda relaxado e sorrindo - E respondendo a perunta-não-pergunta de antes, você está me dando uma bela impressão, mas isso não é ruim. - ele sorriu e olhou pra mim.
    -Vou considerar isso um elogio só pra não achar que é uma ofensa. - dei um sorrisinho zombeteiro pra ele.
    -Era pra considerar um elogio mesmo. - ele sorria de um jeito doce pra mim.
    -EI, PESSOAL! - ouvi uma menina gritando do corredor.Quando todos viramos, Clara e Allan estavam correndo em nossa direção.Quando eles chegaram perto o suficiente, Clara não gritava mais - Ainda bem que estão todos, ou quase todos, juntos.A gente podia ir comer alguma coisa juntos, o que acham?
    -Não posso. - eu disse - Tenho que estudar pra prova de amanhã.
    -Eu também. - Luisa disse.
    -E eu idem - Leo falou.
    -Que pena.Queria conversar mais com vocês.Pelo que eu vi, vocês são as pessoas mais legais que eu conheci, por enquanto, nessa escola.Tem uma garota loira de um dos segundos anos que é uma vadia.Ela se acha a tal e é seguida por um grupo de tietes com narizes plastificados. - Clara falou.
    -A Brenda. - eu,Lu e Leo dissemos juntos.
    -Que seja, ela é uma vadia.Que ela não se meta comigo, porque ela vai apanhar.
    -Minha namorada é a garota mais durona dessa escola, e é por isso que eu amo ela. - Allan disse.
    -Seu bobo.Você me ama por muitos outros motivos. - Clara ficou na ponta dos pés e beijou Allan.
    -Tem razão, mas esse é um deles. - Allan sorriu e olhou pro Kye - O que estava fazendo aqui, cara?
    -Ele estava salvando a donzela em perigo ali. - Luisa apontou pra mim.
    -Não sou nenhuma donzela em perigo. - cruzei os braços.
    -E eu não sou nenhum príncipe pra salvar donzelas. - Kye falou.
    -Só é um garoto muito conveniente pra segurar meninas quando elas estão prestes a dar de cara no chão. - falei.
    -Talvez seja isso. - Kye sorriu.
    -Opa, conseguiram tirar mais que uma frase do Kye e ainda um sorriso?O que deu em você? - Clara empurrou Kye com o ombro.
    -Qual é, me deixa, Clara.
    -Ou vocês são bruxos, ou o Kye está doente.Ele não faz amigos tão fácil assim. - Allan falou.
    -Até você, cara?Vão pro inferno. - Kye estava meio sem jeito, mas rindo.
    -Acho que é a química.Também não tinha muitos amigos na minha cidade.Eu ficava mais em casa ou...em casa. - sorri.
    -Eu tinha muitos amigos, mas deixei todos eles na minha antiga escola com um "to vazando, fui" e vim pra cá. - Luisa falou.
    -Que cruel.Eu tenho muitos primos, então eles são meus amigos. - Leo falou.
    -Você é mais triste que todos nós. - Luisa disse, e todos rimos.
    -Não posso discordar. - Leo falou, ainda rindo. - Mas agora tenho vocês, então não posso reclamar.
    -Awn, que fofo. - Luisa abraçou o Leo.
    -Mari. - ouvi alguém me chamar.
    Virei e vi Marcelo vindo na minha direção.Ele olhava para mim, mas também para todos ao meu redor e, principalmente para o Kye.
    -Você não viu minha mensagem? - ele perguntou abraçando minha cintura e me dando um beijo rápido.
    -Que mensagem? - perguntei, confusa.Todos tinham parado de falar e estavam olhando pra gente.
    -Mandei há algum tempo.Disse que vinha te buscar pra comer alguma coisa.
    -Desculpa, não vi.Estávamos conversando e não devo ter ouvido o celular.
    -Tudo bem, namorada.Está perdoada dessa vez.DESSA VEZ.
    -Namorada? Vocês estão namorando? - Luisa perguntou, chocada.
    -Sim, estamos. - Marcelo respondeu.
    -Desde quando? - Clara perguntou.
    -Sábado. - dessa vez quem respondeu fui eu.
    -Parabéns, cara. - Leo falou.
    -Boa, garoto.Se eu não namorasse com a Clara, eu ficaria muito satisfeito em namorar a Mari. - Allan disse.
    -É, mas você namora COMIGO. - Clara disse.
    -E não me arrependo nem um pouco disso.Você sempre vai ser a minha número um, amor.
    -Bem melhor,Allan.Bem melhor. - Clara beijou Allan de novo.
    -Isso é muito amor pra mim. - Luisa fazia cara de enjoo - Acho que vou vomitar.
    -Relaxa,Lu.Você pode namorar ele. - Marcelo olhou pro Kye, que não sorria mais como quando estávamos sem o meu namorado.
    -Não preciso de um cupido, obrigada. - Luisa retrucou.
    -E eu estou bem do jeito que estou. - Kye falou.
    -Tenho certeza que está. - Marcelo e Kye se encaravam.
    O clima estava ficando tenso, e eu não entendia o por quê.Marcelo e Kye não iam um com a cara do outro, e isso ficava bem óbivo, mas,pelo bem daquele momento, o sinal tocou e tudo voltou ao normal.
    -Temos que ir pra aula, Kye.Aquele professor é um saco com quem se atrasa. - Clara falou já andando pelo corredor.
    -Até mais, gente. - Kye se despediu e virou as costas.
    -Eu também vou indo.Fui, galera. - Allan seguiu pelo corredor.
    -O que foi aquilo? - perguntei pro Marcelo enquanto ele acompanhava eu e meus amigos até a nossa sala.
    -Aquilo o que? - ele perguntou.
    -Você e o Kye.
    -Não houve nada.Só estou cuidando do que é meu.
    -E o que é seu seria...?
    -Você.
    -Por favor,Marcelo.Começamos a namorar há dois dias e você já está assim?
    -Só não quero que qualquer babaca pegue você de mim.
    -Não sou um objeto pra alguém me "pegar" e ele não é um babaca.Ele é meu amigo.
    -Tudo bem, não vamos discutir agora.Não vou conseguir ver você depois da aula e não vou no seu alojamento hoje, mas nos falamos?
    -Sim.
    -Beleza.Tchau. - Marcelo me deu um selinho e voltou pelo corredor, até sua sala.
    -Primeira briga do casal em tão pouco tempo e já é por outro garoto?Hum, não sei não. - Leo disse.
    -Fica quieto.Não tem nada a ver. - eu disse.
    -É verdade.O Marcelo não pode ficar chamando os outros de babaca sem nem conhecer.O Kye parece ser um bom amigo.Você fez bem em dar uma bronca nele.
    -Bem, estou testando umas hipóteses por enquanto, então não vou falar nada.
    -Melhor ficar quieto mesmo, garoto. - empurrei ele com o ombro - Não quero olho gordo no meu namoro.
    -Longe de mim. - Leo ria.
    Entramos na sala e sentamos nos nossos lugares.As aulas passavam em um ritmo muito lento,mas eu nem prestava atenção.Fiquei remoendo aquela cena na cabeça milhões de vezes.Não entendia por que Marcelo fazia questão de me mostrar como sua namorada pro Kye, e muito menos por que Marcelo não gostava dele.Kye parecia ser um ótimo amigo, e eu tinha comprovado isso naquele mesmo dia.Uma coisa era Marcelo gostar de mim assim como eu gostava dele, mas outra era me mostrar como um prêmio.Eu teria que falar com ele se aquilo continuasse.Não queria que alguém visse Kye como uma má pessoa,afinal ele era meu amigo e , não sei, alguma coisa dentro de mim me fazia não querer que falassem mal dele.Fiquei pensando naquilo por um tempo, mas desisti e conclui que era só besteira da minha cabeça.Tinha acabado de começar a namorar com o garoto que eu gostava e feito novos amigos.Não ia permitir que meu cérebro arruinasse aquele momento.

 

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